Luciano Fournier | Biografia

Luciano Fournier é cantor e compositor que transforma sua história em música. Com uma voz marcante e letras que tocam a alma, carrega na arte as raízes da superação e a leveza de quem encontrou no palco o seu verdadeiro lugar. Sua obra transita entre o reggae, o surf music, o pop rock e a Música Brasileria, sempre com mensagens de liberdade e amo

Origens e infância

Nascido no Leblon, no Rio de Janeiro, Fournier cresceu cercado pelo contraste mais intenso que uma criança pode conhecer: viver ao lado do luxo, mas pertencer à parte invisível da cena. Morava com a família nos fundos de um prédio onde seu pai trabalhava como porteiro e sua mãe como empregada doméstica. Entre os sons das ondas batendo na praia e o barulho distante da cidade alta, já sentia que seu lugar não estava nas vitrines mas naquilo que pulsa por trás delas.

A estabilidade frágil se quebrou cedo. Aos três anos, seu pai foi demitido, e a família precisou deixar o pouco que tinha para recomeçar em Piabetá, interior de Magé. Foi ali que começou a viver a realidade dura de mudanças constantes, despejos e improvisos. A cada mudança, uma lição sobre desapego e resistência. Essa infância nômade moldou sua casca e seu olhar: um entendimento precoce de que, se quisesse estabilidade, teria que construí-la dentro de si.

Aos 12 anos, outra mudança: Rio das Pedras, zona oeste do Rio, em um barraco simples, chão batido e paredes improvisadas. Nesse cenário, nasceu sua fome de crescer. Observava o esforço dos pais, a força da comunidade e sentia nascer uma revolta diferente a revolta que constrói. A que transforma limitação em combustível para sonhar.

A música entra em cena

No fim dos anos 90, Fournier teve seu primeiro contato real com a música ao assumir a bateria em pequenas bandas da cena underground carioca. Mas foi em 1997, quando aceitou o convite para ser vocalista da Zero Side, que encontrou no palco o seu habitat natural. O grupo, influenciado pelo punk rock e hardcore melódico, ganhou espaço em rodas alternativas, garagens e pequenas casas de show do Rio.

Em 1999, a banda mudou de nome para Shappa Haole, e depois para Shapa Haule, por questões de registro. O som evoluiu, incorporando reggae, surf music e ska, refletindo um espírito livre e uma identidade cada vez mais brasileira. Vieram as primeiras turnês, matérias em jornais, participação em festivais e uma base de fãs que crescia no boca a boca.

Entre 2002 e 2003, Fournier integrou a banda Alma Zen, vivendo momentos marcantes como o show na festa de encerramento da novela Senhora do Destino (Rede Globo), diante de elenco e direção da emissora. Em 2004 e 2005, de volta à Shapa Haule, gravou o álbum Maré Malandragem, consolidando sua presença na cena independente.

Show de Luciano Furnier e Alma Zem na Globo

A virada para a carreira solo

Tomar a decisão de seguir carreira solo não foi apenas um passo profissional para Fournier foi um salto de fé.
Depois de anos vivendo a intensidade das bandas, especialmente com a Shapa Haule e outros projetos como Alma Zen e Raiz do Gueto, havia nele uma sensação que misturava gratidão pelo que tinha vivido e inquietação pelo que ainda não havia expressado.

O ciclo coletivo parecia ter cumprido seu papel: havia me dado estrada, experiência e conexões, mas também tinha me mostrado os limites de dividir um mesmo sonho com diferentes cabeças, egos e visões.

O cenário musical da época não ajudava quem queria fazer tudo por conta própria.
Estamos falando de meados dos anos 2000, quando ser artista independente significava carregar o próprio equipamento, bancar o estúdio, negociar cada show pessoalmente e ainda encontrar meios de colocar sua música nas mãos do público — numa época em que redes sociais eram quase embrionárias e plataformas de streaming simplesmente não existiam.
Era o tempo do CD físico, do encarte impresso e da divulgação boca a boca.

Foi nesse contexto que Na Estrada começou a nascer.
As primeiras composições vieram de forma quase compulsiva, como se anos de histórias represadas finalmente tivessem encontrado a saída. Muitas delas surgiram no violão, nas madrugadas silenciosas em casa, com um gravador simples ligado para não perder nenhum detalhe.
Algumas letras nasceram durante viagens de ônibus pelo Rio e pelo interior cadernos rabiscados com versos que mais tarde se transformariam em canções inteiras.

Sem gravadora, sem empresário e com orçamento contado, Fournier se lançou na missão de gravar o primeiro álbum. O processo foi um exercício de resiliência: horas intermináveis em estúdio, adaptação de arranjos para caber no tempo pago de gravação, e uma criatividade aguçada para compensar a falta de recursos com autenticidade.
O álbum não era apenas um conjunto de músicas, mas um manifesto artístico uma declaração pública de que ele estava pronto para conduzir sua própria narrativa.

O primeiro show solo, em Nova Iguaçu (RJ), foi um divisor de águas. Subir ao palco sem a rede de apoio de uma banda completa trouxe um frio na barriga diferente.
Mas bastaram os primeiros acordes para que a conexão com o público confirmasse a escolha: a plateia não apenas ouvia, ela sentia cada verso.

Esse momento marcou oficialmente a transição não havia mais volta.

A recepção foi calorosa e sincera. Pequenos veículos de mídia local começaram a prestar atenção, matérias surgiram, e as primeiras entrevistas como artista solo deram voz a uma nova identidade: mais madura, mais pessoal, mais verdadeira.
A partir dali, Fournier não estava apenas cantando estava construindo um legado, tijolo por tijolo, canção por canção.

Luciano Fournier na Mídia

O impacto desse novo momento não ficou restrito aos palcos. Logo após os primeiros shows solo, a presença de Fournier começou a chamar atenção de produtores e jornalistas. Vieram os convites para entrevistas em rádios locais e, em seguida, para participações em programas de TV que tradicionalmente abriam espaço para a música independente. A estreia televisiva nessa fase aconteceu no programa Atitude.com, da TVE Brasil, onde apresentou parte do repertório do recém-lançado álbum e falou sobre sua transição das bandas para a carreira solo. A energia crua das canções e o carisma no palco chamaram atenção imediata.

Pouco tempo depois, Fournier participou do Sabba Show, da Rede TV, levando sua fusão de reggae, pop e MPB a um público mais amplo e diversificado. O resultado foi uma enxurrada de mensagens de novos ouvintes vindos de diferentes regiões do país. Outro marco foi a participação no programa Algo Mais, da TV Difusora (SBT Maranhão), apresentado por Paulinha Lobão. A apresentação ao vivo rendeu grande repercussão no estado, matérias em jornais locais e entrevistas em rádios consolidando uma base de fãs no Nordeste.

No rádio, a canção “Os Olhos da Rua e Oh Lua” ganharam destaque no Oi Novo Som, da Oi FM, sendo executada em diversas capitais brasileiras e apresentada como um dos exemplos mais sinceros da cena independente da época. Portais de notícias como Globo.com e O Fuxico também publicaram matérias sobre a trajetória de Fournier, destacando sua história de superação e a autenticidade de sua obra. Era o início de uma relação sólida com a imprensa, construída na base da verdade, da presença e de uma música que não precisava seguir tendências para conquistar espaço.

Pausa estratégica e o renascimento artístico

Após uma década ininterrupta de apresentações, gravações e viagens, Fournier decidiu, em 2017, tirar um tempo sabático. Não foi afastamento da música foi um mergulho interior. Um período para se reconectar, amadurecer e redefinir o sentido da sua arte.

Em 2024, com uma maturidade renovada, voltou ao estúdio para gravar “Tanto Faz”, single que marcou o início de um novo ciclo. E, em 2025, retornou aos palcos com a turnê Novas Marés. Mais do que um espetáculo, Novas Marés é um reencontro: com o público, com a música e com as raízes que sempre o sustentaram.

Estética e identidade musical

O som de Fournier é híbrido e livre. Mistura o calor do reggae com a poesia da MPB, a energia do pop e a introspecção do folk. Sua voz é reconhecida por transmitir emoção sem esforço, como quem conversa e confessa ao mesmo tempo. As letras falam da vida como ela é com suas lutas, suas pequenas vitórias e sua beleza simples.

Visualmente, Fournier alterna entre a estética praiana e leve e a postura urbana e intensa, sempre fiel à verdade do momento. No palco, a conexão com o público é visceral: não é apenas performance, é experiência. Cada música é um convite para sentir junto.

Legado e missão

Fournier não busca apenas aplausos, mas permanência. Quer que sua obra seja trilha sonora de superações, amores e recomeços. Seu objetivo é provar, com música e presença, que é possível ser luz mesmo vindo da escuridão, e que a arte é a ponte mais bonita entre histórias diferentes.

Seu legado é sobre humanidade sobre transformar dor em beleza, e sobre permanecer verdadeiro em um mundo de aparências. Como ele próprio resume:

“Se a vida me ensinou a sobreviver, foi a música que me ensinou a permanecer. E é por ela que vou deixar meu nome gravado no tempo.”